Crise social em Minas Gerais expõe 3,4 milhões de mineiros à fome e abandono do Estado

Alen Barić Silva
Alen Barić Silva
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A crise social em Minas Gerais ganha contornos alarmantes à medida que 3,4 milhões de mineiros vivem hoje em situação de pobreza, com milhares enfrentando a miséria extrema e a fome. O estado, que deveria proteger seus cidadãos mais vulneráveis, tem falhado sistematicamente. Segundo dados oficiais do Cadastro Único, 764 mil pessoas no território mineiro estão mergulhadas na pobreza crônica, sem acesso digno à alimentação, moradia e serviços públicos básicos. Essa tragédia social, longe de ser natural, é resultado de decisões políticas deliberadas, como apontam especialistas e lideranças sociais.

A crise social em Minas Gerais é agravada por um cenário de abandono por parte do governo estadual. Enquanto a fome avança, o governador Romeu Zema tem concentrado esforços em articulações políticas fora do estado, mirando as eleições presidenciais de 2026. Enquanto isso, a população mais pobre segue desassistida. A escassez de políticas públicas para segurança alimentar e assistência social contribui para o aumento da desigualdade e para o avanço da miséria urbana e rural. A falta de um projeto concreto de combate à fome torna Minas um retrato duro do Brasil excludente.

Além da ausência de ações estruturantes, a crise social em Minas Gerais se aprofunda com a falta de equipamentos públicos voltados à população em situação de rua. O número de pessoas vivendo nas calçadas cresceu 700% entre 2013 e 2024, um dos maiores aumentos proporcionais do país. Contudo, grande parte dos municípios mineiros ainda não conta com políticas ou estruturas capazes de acolher e atender dignamente essa população. A realidade que se impõe é a de um estado que fecha os olhos diante da dor dos seus próprios cidadãos.

Diante desse cenário, movimentos sociais e entidades civis iniciaram a construção coletiva de propostas para combater a crise social em Minas Gerais. No dia 17 de julho, foi lançado o Fórum Técnico Minas Sem Miséria, articulado por mais de 70 organizações em parceria com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O objetivo é elaborar, a partir do diálogo com o povo, estratégias efetivas de erradicação da miséria. Trata-se de um movimento popular e parlamentar que busca restaurar a dignidade e garantir o básico: comida no prato e teto sobre a cabeça.

O Fundo Estadual de Combate à Miséria, criado com essa finalidade, tem sido alvo de disputas. Nos últimos dois anos, parlamentares e movimentos lutaram para que ao menos R$ 1 bilhão do orçamento estadual fosse destinado à assistência social. A crise social em Minas Gerais, no entanto, esbarra na resistência do governo, que optou por conceder isenções fiscais de R$ 25 bilhões a grandes empresários. A escolha por privilegiar os mais ricos enquanto os pobres passam fome é vista como um escândalo ético e político por boa parte da sociedade mineira.

A crise social em Minas Gerais exige medidas estruturantes, e não respostas pontuais ou meramente assistencialistas. A proposta de uma renda básica estadual, inspirada na experiência do ex-senador Eduardo Suplicy, tem ganhado força como política pública de longo prazo. Durante os debates no fórum, a presença de Suplicy reforçou a ideia de que combater a pobreza exige vontade política, planejamento e compromisso com a justiça social. Alimentar o povo e garantir moradia não pode ser visto como favor, mas como obrigação do Estado.

Além dos fóruns e das denúncias públicas, a crise social em Minas Gerais tem sido levada aos tribunais. Deputados estaduais acionaram o Ministério Público e o Tribunal de Contas para investigar desvios de finalidade no uso dos recursos do Fundo Estadual de Combate à Miséria. Entre as irregularidades apontadas está o remanejamento de R$ 88 milhões para ações que não têm qualquer relação com a erradicação da pobreza. Esse desvio, além de imoral, pode configurar crime de responsabilidade e improbidade administrativa.

Diante do agravamento da crise social em Minas Gerais, cresce a mobilização de movimentos populares, sindicatos, pastorais e organizações da sociedade civil para exigir mudanças reais. A luta por um estado onde ninguém passe fome se transforma em bandeira coletiva. A miséria, que já não se esconde nas estatísticas, exige respostas urgentes. Minas Gerais, terra de tradição e resistência, precisa reencontrar o caminho da justiça social. A fome não espera, e o povo não esquece.

Autor: Alen Barić Silva

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