Por que o Brasil Ainda Não Sofreu Tarifas de Trump: Análise das Prioridades Comerciais dos EUA

Alen Barić Silva
Alen Barić Silva
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A questão das tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump tem gerado discussões entre especialistas, que acreditam que o Brasil pode ser um alvo no futuro. Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial, afirma que “não é uma questão de se, mas de quando” o Brasil será afetado por tarifas americanas. Embora o país não esteja na lista imediata de alvos, a possibilidade de tarifas se torna mais real à medida que a política comercial dos EUA se desenvolve.

Recentemente, Trump anunciou novas tarifas contra o Canadá, México e China, mas o Brasil ainda não foi mencionado. A alíquota de 10% sobre mercadorias chinesas entrou em vigor, enquanto a taxação de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses foi suspensa temporariamente. Essa situação levanta a questão sobre por que o Brasil foi poupado até agora, considerando que o presidente americano já incluiu o país em seus discursos como um “grande taxador”.

Os economistas apontam que o Brasil não está no topo da lista de prioridades dos EUA. O país não possui um acordo de livre comércio com os Estados Unidos e apresenta um déficit na balança comercial, comprando mais produtos americanos do que vende. Essa dinâmica faz com que o Brasil não seja visto como uma ameaça imediata, ao contrário de países como Canadá e México, que têm superávits comerciais significativos com os EUA.

Trump tem utilizado o protecionismo como uma forma de corrigir o que considera injustiças no comércio global. Ele frequentemente menciona o déficit comercial dos EUA, que chega a US$ 1 trilhão, como um sinal de que outros países estão se aproveitando da situação. No entanto, o Brasil, com um superávit de apenas US$ 253 milhões em 2024, não se encaixa nesse raciocínio, o que diminui sua prioridade nas tarifas.

Embora o Brasil não tenha sido alvo imediato, a situação pode mudar. O país é membro dos BRICS, um bloco que Trump ameaçou tarifar caso seus membros tentem substituir o dólar em transações comerciais. Essa ameaça adiciona uma camada de incerteza, pois o Brasil pode ser visto como um exemplo para outros países, mesmo que sua posição econômica não seja tão expressiva.

A estratégia de Trump em relação às tarifas parece alternar entre a necessidade de corrigir o déficit comercial e o uso das tarifas como uma ferramenta de negociação. A suspensão temporária das tarifas contra o México e o Canadá em troca de promessas de reforço na fronteira é um exemplo dessa abordagem. Essa manobra sugere que o Brasil pode ser utilizado como um “exemplo” para pressionar outros países a atenderem às demandas dos EUA.

Se o Brasil se tornar alvo de tarifas, a resposta do governo brasileiro pode ser de reciprocidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou que, se os produtos brasileiros forem taxados, o Brasil também taxará as importações americanas. Essa postura reflete a intenção de manter uma relação comercial equilibrada, mesmo diante de pressões externas.

Por fim, setores específicos da economia brasileira, como aço e alumínio, são considerados candidatos a receber tarifas. A história de tarifas impostas durante o primeiro mandato de Trump, que afetaram esses setores, sugere que o Brasil deve estar preparado para possíveis mudanças na política comercial americana. A vigilância contínua sobre as políticas de tarifas será crucial para entender como o Brasil se posicionará no cenário global.

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